A Igreja Matriz, datada do século XV e posteriormente restaurada no século XVII, é o principal monumento da freguesia. Dentro do património religioso da freguesia salientam-se ainda as capelas do Senhor dos Aflitos, de S. Martinho e de S. Pantaleão e a Igreja Matriz de Vale Certo.

Uma parcela duma colunata de mármore, encontrada numa horta no lugar do Prado, foi dos mais recentes achados arqueológicos a entusiasmar os investigadores, crentes de que na zona existiu um templo e, provavelmente, uma povoação em redor desse mesmo templo. A reforçar essa hipótese, foram também descobertas uma moeda do século II e uma lápide funerária de raro valor paleográfico. Com inscrições de Proteu, do século VII, esta lápide encontra-se actualmente no museu de Bragança. Na Ribeira de Peso existe um belíssimo trecho paisagístico encabeçado por uma ponte romana chamada Gamona, arquitectonicamente admirável pelo traçado sem alças.

“O Carril”, há cinquenta anos, era o bairro mais característico, populoso e pobre da aldeia, onde não se matava porco. Era o bairro da “gente geireira”, da segada e doutros serviços de jorna, sem qualquer casa caiada. Não havia janelas de vidro, só de madeira, pequenas e poucas. No Carril, todos os habitantes tinham alcunhas e eram eles quem mais gozavam com essas picardias. Hoje, é um bairro abandonado, com dois ou três residentes. O lado positivo é que, devido à emigração e às reformas que gerou, já não há pobres na aldeia.

A água da nascente de S. Martinho tem reconhecidas qualidades diuréticas e é muito apreciada por todos que a visitam. Um outro tesouro natural é a praia natural do Muro, no rio Angueira. Neste curso de água encontram-se pontes medievais e moinhos de água.

As fragas da Pena da Cruz, com mais de 20 metros de altura, onde ainda hoje os corvos fazem ninho, são parte das memórias de infância e juventude de muitos rapazes, que por aí cresceram e as subiam, com risco da própria vida, para lhes roubar os ovos.

Em 1950, havia em S. Martinho cerca de 15 moinhos, todos em actividade durante os meses de Inverno e Primavera, mas era na ribeira de Angueira que se destacava aquele especial a que chamavam Pisão, pois destinava-se a macerar as mantas de lã tecidas nos teares manuais, levantando-lhes o pêlo e transformando-as em fofos cobertores. Desde os anos 70 foram fundadas em Variz, e logo de seguida em S. Martinho, moagens para trigo e centeio que trabalharam durante uma dúzia de anos. Hoje, existe apenas uma em Tó, que serve os mais saudosistas de toda a região, com o produto doutros tempos: moagem de centeio para as sopas de centeio e alho. Agora, as donas de casa acendem os fornos a lenha só por alturas da Páscoa, para fazer os folares que preservam o cheiro e sabor a lenha que só esses fornos lhes imprimem: a cozedura industrial não chega lá.

Os pombais são construções cilíndricas, com paredes a elevarem-se cerca de metro e meio acima do telhado de telha lisa, tendo a porta cerca dum metro de altura e a oitenta centímetros do chão, para evitar que as cobras entrassem. Os pombais, cerca de 12 noutros tempos, tinham colónias que atingiam as centenas, pois as aves selvagens alimentavam-se livremente nos campos. Agora, há só um em actividade e com pombas alimentadas pelos donos com as sobras dos parcos cultivos. Noutros tempos, os rapazes deitavam trigo salgado nas nascentes e bebedoiros para que os borrachos, comendo e bebendo em demasia, ficassem entorpecidos, tornando-se presa fácil nas caçadas furtivas.